terça-feira, 30 de junho de 2009

Manejo dos Gatos Infectados por FIV/FeLV


Primeiramente, é claro afirmar que a decisão de tratamento ou eutanásia não deve-se basear somente na presença do vírus,outros fatores devem ser avaliados,como quadro clínico geral do paciente,doenças concomitantes,condições do proprietário(psicológicas,financeiras...) e fatores ambientais,dentre outras intercorrências.
De acordo com vários estudos,geralmente um animal positivo para estas retroviroses pode viver por alguns anos ainda,com os devidos cuidados,podendo até a sucumbir por outras causas não-relacionadas.Um FIV-positivo possui uma expectativa de vida em média de 5 anos após o diagnóstico.Um FeLV-positivo vive de 2,5 a 3 anos após o diagnóstico,e claro que em casos de dupla infecção essa expectativa diminue bastante.
Os gatos infectados não podem ter acesso à rua,devem ser mantidos confinados,assim,evita-se a contaminação de outros animais,mas também previne o soro-positivo da exposição à agentes patogênicos,principalmente bactérias e ectoparasitas do meio externo.
Uma boa nutrição é fundamental,baseada em rações felinas de qualidade,água abundante e filtrada,devendo-se evitar dietas caseiras a base de carne ou leite.
O programa de controle de ecto e endoparasitas deve ser frequente,visto as doenças que eles podem desencadear.
O veterinário deve ter o cuidado de marcar e incentivar os retornos periódicos destes pacientes.O exame clínico deve ser cuidadoso,dando maior atenção ao sistemas mais predispostos,como a cavidade oral,linfonodos ,pele, cavidade torácica,segmentos anteriores e posteriores dos olhos e sistema nervoso.O perfil hematológico também é importante,devido às alterações comuns causadas por estas enfermidades,que precisam ser logo detectadas.Além de bioquímica sérica,conhecendo-se os perfis renais e hepáticos, e a urinálise,que nunca deve ser esquecida.
A vacinação destes animais ainda gera muitas discursões,acredita-se que a resposta imune em relação à imunização é semelhante em soro-positivos e não-infectados,mas o recomendado é não usar vacinas com vírus vivos-modificados,e o programa de imunização deve conter apenas vacinas essenciais para o determinado paciente.
O esteio do tratamento é a prevenção e a cura das infecções oportunistas.Drogas imunosupressoras devem ser utilizadas com cautela,somente se necessárias.Cada caso é um caso,mas os imunoestimulantes são conhecidamente benéficos,como o interferon alfa humano e o interferon felino(ainda não disponível no Brasil).O AZT,anti-viral bastante conhecido,é o que mais beneficia o paciente,com melhoras visíveis na sintomatologia,principalmente nas lesões orais e neurológicas.

Para baixar:Feline Retrovirus Management Guidelines


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Informativo:Guia de Saúde Geriátrica(para veterinários)


Excelente,excelente mesmo a atualização deste guia,da American Association of Feline Practitioners,quem gosta de felinos têm que conhecer.Arquivo em inglês e em PDF:


Senior Care Guidelines

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Caso Clínico:Micobacteriose Atípica

Mycobacterium sp,são bactérias gram-positivas,álcool-ácido-resistentes.Entende-se por Micobacteriose Atípica,infecções localizadas,geralmente oportunistas,causadas por espécies de Mycobacterium que não sejam classificadas como causadoras de tuberculose ou lepra,como a M.fortuitum e a M.chelonei.
Em gatos a forma de infecção subcutânea é a mais comum.Traumatismo e inoculação acidental na gordura do tecido subcutâneo podem resultar na enfermidade,é importante investigar possível histórico de mordedura ou cirurgias.Acredita-se que quanto mais gordo,mais susceptível é o gato.
A apresentação clínica é uma lesão principal onde há uma ulceração de aspecto" derretido",que dificilmente cicatriza e dissemina-se localmente pelo subcutâneo(paniculite)aumentando a lesão original.O tecido circunvizinho vai sendo contaminado com surgimento de pequenas úlceras que se abrem e drenam um exsudato hemorrágico e gorduroso.
O diagnóstico baseia-se na avaliação histopatológica e microbiológica.
O tratamento deve ser feito com uma terapia de agente duplo,com antibioticoterapia usando-se fluorquinolonas,tetraciclinas e/ou macrolídeos,por pelo menos 6 meses.O Interferon é também importante,além de uma limpeza tópica,sugerindo-se a clorexidine,triclorsan ou até uma solução de 1:1 de enrofloxacina a 2,27% e DMSO a 90%,usando 1ml a cada 12h, para um gato de 5kg.
O prognóstico é bom em relação à sobrevivência,porém reservado em relação à cura,mais de 40% dos animais tratados com agente único sofrem reincidiva.

Caso Clínico:

Gata pêlo- curto- doméstica,de aproximadamente 2 anos,com vacinação apenas antirábica,vermifugada regularmente.Foi submetida a ovariohisterectomia eletiva há um ano,a cicatrização da incisão cirúrgica nunca foi completada,com aparecimento progressivo de úlceras no local,com aumento progressivo e exsudação de material sero-sanguinolento.Vários tratamentos foram instituídos,baseados em antibióticos,antissépticos e anti-inflamatórios ,mas sem resposta positiva.
No exame clínico observou-se um bom estado nutricional,sem parasitas no tegumento,normocorada e hidratação normal.Ausculta torácica e palpação abdominal normais.Um perfil bioquimico básico e hemograma completo foi solicitado,com poucas alterações importantes,somente uma leucocitose com monocitose.Percebeu-se várias ulcerações "satélites" ao redor da principal,onde se expandiam para o flanco e faces internas das coxas.Diante das lesões bem sugestivas e com histórico de cirurgia(trauma inicial) recente,foi colhido material para biopsia,sob anestesia geral,retirando-se em bloco,algumas ulcerações recentes.O resultado histopatológico confirmou a presença de Micobactéria oportunista.





O tratamento ainda está sendo feito,a base de enrofloxacina e doxiciclina e solução de limpeza com triclorsan,brevemente postarei as fotos mais recentes,onde já verifica-se a resolução de algumas lesões.
O importante é conseguir fechar o diagnóstico rapidamente,pois a infecção é bem destrutiva,o tratamento é longo e quase sempre de difícil cura.