segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Educativo:Como administrar comprimidos a seu gato

Este vídeo foi "doado" por uma colega,Dra Virgínia.Bem educativo e bem editado por uma outra colega veterinária Rita Ericson.Poderá resolver muitos problemas dos nossos clientes.

domingo, 23 de agosto de 2009

Toracocentese e Efusões Pleurais

Este vídeo feito pela equipe do ilustre Dr.Alceu(UFSM)nos mostra a simplicidade de um procedimento que pode salvar muitos dos nossos felinos.

A toracocentese e drenagem pleural são procedimentos emergenciais,terapêuticos e diagnósticos.Devem ser realizados antes mesmo de a radiografia ou de um exame clínico mais apurado.A manipulação do animal deve ser a mais cuidadosa possível e é importante a disponibilidade de oxigênio direto.

O material necessário é básico:Drena-se líquido pleural com um scalp 21 ou 23,com auxílio de uma torneira de três vias e uma seringa de 20ml.Pode-se utilizar também cateter ou cânula mamária ao invés de agulha,diminuindo assim o risco de laceração pulmonar.O ideal é que se realize a tricotomia e assepsia ampla da região entre o sétimo e oitavo espaço intercostal.O gato deve ser erguido pelos membros anteriores e a punção deve ser feita entre estes espaços,abaixo da junção costo-condral.A agulha deve ser introduzida em um ângulo de 45 graus,no meio do espaço intercostal,evitando-se os vasos que ficam próximos à borda posterior de cada costela.Logo depois,acopla-se a torneira juntamente com uma seringa,prosseguindo com a aspiração do líquido.O exame laboratorial da efusão nos guirá para o diagnóstico e tratamento.É colocado uma amostra do líquido em um tubo com EDTA,para a análise citológica e protéica,e em um outro sem EDTA,para o estudo bioquímico e para cultura de microorganismos.

Nos casos em que o derrame pleural é muito intenso,em que é necessário várias punções seguidas,o recomendado é a colocação de um tubo torácico.Diferentemente da toracocentese,a toracostomia geralmente necessita de sedação/anestesia.Pode-se utilizar uma indução com dissociativos e a seguinte manutenção com anestésicos voláteis,sempre precedida de oxigênio 100%.É criado um túnel,com o auxílio de uma pinça hemostática,iniciando-se no décimo espaço intercostal até o sétimo,penetrando na cavidade torácica.A seguir o tubo é fixado por sutura em "malha chinesa" e vedado por uma torneira de três vias.A efusão é aspirada 3 a 4 vezes ao dia e o controle da dor também é necessário.Dependendo da causa do derrame,o tubo deve ser mantido por muito tempo e os cuidados com a assepsia devem ser intensos.

As efusões pleurais se formam quando determinados fatores aumentam a formação do líquido pleural ou diminuem a sua absorção.Normalmente existe cerca de 1,5ml de líquido entre as duas pleuras.A parietal o produz e a pleura visceral o absorve.Portanto,disfunção como a insuficiência cardíaca congestiva,aumenta a pressão hidrostática dos capilares parietais,aumentando a formação de derrame pleural,sobrepondo a capacidade de absorção da pleura visceral.

Em hipoproteinemias,devido à queda da pressão colóido-osmótica,ocorre um escape maior de líquidos para a cavidade pleural,além de uma diminuição da absorção.

A diminuição da absorção também pode estar relacionada à distúrbios linfáticos,como obstruções por tumores do ducto torácico ou linfonodos.A hipertensão dos capilares devido à insuficiência cardíaca direita também causa efeito semelhante na drenagem natural do líquido pleural.

Processos inflamatórios ,além de aumentarem o fluxo sanguíneo local,provocam um aumento na permeabilidade capilar,formando efusões ricas em proteínas,com derrame pleural abundante.

O derrame sanguíneo(hemotórax) geralmente não é de origem pleural.Sua causa deve ser investigada.Traumatismos,coagulopatias e neoplasias intra-torácicas são as origens mais comuns.É importante salientar que a toracocentese só deve ser realizada em casos extremos,porque a tendência é que a hemorragia seja autolimitante,devido à pressão intrapleural e se for tratado conservadoramente o sangue pode ser reabsorvido.Uma outra possibilidade é a autotransfusão,retirando-se o sangue da efusão e reaplicando no paciente.

O piotórax e o quilotórax são tipos de efusões em que a colocação do tubo e aspiração contínua seja mais indicada.No caso de secreção purulenta,a lavagem e irrigação da cavidade pleural é fundamental,visto que só a antibioticoterapia sistêmica não é suficiente.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Caso Clínico:Felino "Mordedor de Cauda"



Neste caso,quero a opinião dos colegas,por favor.Quais seriam as possibilidades diagnósticas e que exames poderíamos solicitar?
Depois dou minha opinião.Abraço!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

FLUTD:O ABC do Felino Obstruído


Sabemos que a doença do trato urinário inferior dos felinos possui várias etiologias,mas o quadro emergencial é bem característico e comum.
Quando nos deparamos com um felino obstruído,muitas vezes pensamos logo em anestesiá-lo e sondá-lo o quanto antes.Esquecemos que o mesmo pode estar a dias sem urinar,com um grande desequilíbrio eletrolítico,alta desidratação,com uma insuficiência renal aguda e o pior,prestes a um colapso cardíaco devido a hipercalemia.
Entretanto,a primeira lembrança deve ser o ABC de emergência:"A" de ar(via aérea patente),"B"(boa respiração) e "C'(circulação).Rapidamente os parâmetros vitais devem ser verificados como a coloração das mucosas,a frequência cardio-respiratória e pulso.O animal deve receber oxigênio direto via máscara,tenda com um colar-elizabetano ou em uma câmara.
A fluidoterapia deve ser instituída prontamente,indica-se normalmente a solução fisiólogica ou ringer-lactato para a ressuscitação,aumentando a perfusão renal.O ideal é que o paciente seja acompanhado por eletrocardiógrafo e aferição de pressão central,evitando assim uma sobrecarga de fluido e íons.
O próximo procedimento, que é de suma importância,consiste na cistocentese,que deve ser feita antes de qualquer manobra de desobstrução uretral.O método é simples e dificilmente acarreta complicações,em vista que a bexiga nesses casos é facilmente palpável.Somente com a retirada desta urina represada na vesícula e com a soroterapia bem assistida,podemos salvar a vida de um felino obstruído,por que assim damos condições de os rins voltarem a "funcionar",diminuindo os danos da azotemia pós-renal outrora instalada.
Concluindo-se esta primeira etapa emergencial,podemos preparar a sondagem vesical.Para isso nosso paciente deve estar sedado ou anestesiado superficialmente,nunca deve-se tentar esse procedimento "a força",somente com contensão física,jamais!Pois a chance de perfuração e laceração uretral e peniana é grande.O proporfol é muito bem recomendado,mas pode-se utilizar anestésicos voláteis e dissociativos em doses mínimas.
O processo deve ser o mais asséptico possível,lavando-se previamente a região com soluções degermantes e usando-se luvas estéreis,diminuindo-se o risco de infecções urinárias iatrogênicas.O procedimento deve ser feito com cautela e paciência,não é necessário usar de força.Uma massagem na uretra peniana é importante,a maioria das obstruções ocorrem nessa área,podendo assim facilitar o desalojamento de tampões.Com um gel lubrificante a base de água,introduz-se a sonda gradativamente,o pênis deve ser extendido em direção caudal para que fique paralelo ao eixo da coluna vertebral,para assim diminuir a curvatura normal da uretra felina.Sentindo-se resistência,injetamos solução salina para a remoção de microcálculos e/ou plugs.
Na maioria dos casos,a sonda deve ser fixada.Dependendo do quadro de estrangúria,ela pode permanecer por até 48 horas.Durante este período a bexiga deve ser" lavada" com solução salina.É necessário que no período de pós-obstrução a fluidoterapia seja continuada ,com o cuidado de acrescentar o cloreto de potássio às soluções,combatendo à hipocalemia pós-obstrutiva.
Nos casos em que a sondagem não logrou éxito,a cistocentese pode ser repetida até duas vezes por dia,por no máximo 3 dias,até que que a manobra definitiva, cirúrgica ou não,possa ser realizada.
O controle da dor é fundamental,o Tramadol é muito bem utilizado.Cuidado com os anti-inflamatórios não esteróides,é muito perigoso usá-los em gatos obstruídos devido à debilidade da função renal.O ideal que se espere alguns dias para entrar com um protocolo à base de DAINES,caso necessário.Corticóides como a prednisona ,podem ajudar em casos de extrema inflamação uretral e estenose,entretando também podem piorar o quadro de disfunção renal e predispor o animal à infecções urinárias oportunistas,um gato enquanto sondado não pode receber corticóide.
Os antibióticos foram muito usados antigamente,mas atualmente sabemos que apenas 2% dos casos de FLUTD são devidos à infecções,comumente a urina é asséptica.A hematúria é devido a inflamação e a vasodilatação na mucosa da bexiga e não a processo infeccioso.Se o processo de sondagem foi com todos os cuidados de higiene ,não há motivos para a antibioticoterapia.Se houverem dúvidas em relação a isso,o recomendado é iniciar o fármaco depois da retirada da sonda,podendo-se basear em um resultado de cultura urinária.
Sabemos que todos nós poderemos ter vivências diferenciadas,com protocolos distintos e opiniões diversas.Mesmo não seguindo-se os guias(guideliness)recomendados pelos inúmeros estudos podemos ainda salvar vidas,porém,se os seguimos salvaremos muito mais!
O importante é conhecer também a multifatorialidade desta síndrome,sabermos as etiologias possíveis e investigar cada caso,trabalhando com a anamnese,exame clínico,laboratoriais e de imagens.