sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Complexo Granuloma Eosinofílico


Por Fernanda dos Santos Alves*





Apesar dos recentes progressos na dermatologia felina, o complexo granuloma eosinofílico (CGE) segue sendo uma síndrome mal conhecida e, portanto, origem de muitas falhas e erros terapêuticos. Diversos relatos de ocorrência relacionados e um estudo do desenvolvimento da doença em uma colônia de gatos livres de patógenos indicam que, pelo menos em alguns indivíduos, predisposição genética (resultando talvez em uma disfunção hereditária da regulação eosinofílica) é um componente significativo da doença. São observadas três formas distintas dessa síndrome: granuloma linear eosinofílico (granuloma colagenolítico), placa eosinofílica e úlcera indolente ou eosinofílica.
A placa eosinofílica é uma reação de hipersensibilidade mais frequentemente a insetos, com menor freqüência a alimentos e alérgenos ambientais. O granuloma eosinofílino possui múltiplas causas, incluindo hipersensibilidade e predisposição genética. A úlcera indolente pode ter ambas as causas, genética e hipersensibilidade.
Relata-se que a placa eosinofílica ocorre em felinos de 2 a 6 anos de idade e que para úlcera indolente a predisposição por idade não foi reportada. A predisposição por fêmeas tem sido relatada somente para a úlcera indolente. Lesões de mais de uma síndrome podem ocorrer simultaneamente e podem desenvolver-se espontânea e agudamente. Além disso, relata-se que a incidência sazonal é comum.
As características clínicas das placas eosinofílicas são placas e manchas alopécicas, eritematosas e erosivas que, em geral, ocorrem nas regiões inguinal, perineal, lateral da coxa e axilar, sendo frequentemente úmidas ou cintilantes; pode ocorrer eosinofilia circulante. Nos granulomas eosinofílicos, ocorre uma orientação distintamente linear na região caudal da coxa, medial dos membros anteriores ou como placas individuais ou coalescentes em qualquer região do corpo. Apresentam-se ulcerados, com um padrão ulcerado ou “de paralelepípedo”, brancos ou amarelados; pode ocorrer tumefação do mento e da borda do lábio, do coxim plantar, dor e claudicação, ulcerações na cavidade oral (língua, palato, arcos palatinos) e também associa-se a eosinofilia circulante. As úlceras indolentes classicamente são ulcerações elevadas e endurecidas restritas ao lábio superior e adjacentes ao philtrum ou adjacente aos dentes caninos superiores. A periferia fica saliente e circunda uma superfície ulcerada amarelo-rosada. As lesões geralmente são dolorosas ou pruriginosas.
Os diagnósticos diferenciais para lesões não responsivas incluem pênfigo foliáceo, dermatofitose, infecção fúngica profunda, demodicose, piodermatite, adenocarcinoma metastático, linfoma cutâneo e outras neoplasias. O diagnóstico é feito baseando-se no exame clínico, citologia e histopatologia. São recomendados ainda hemograma, bioquímica, urinálise e sorologia para FIV e FeLV.
A maior parte dos pacientes pode ser tratada em ambulatório, a menos que desenvolva doença oral grave. O tratamento recomendado é a imunossupressão com corticóides orais até o desaparecimento das lesões, quando deve-se fazer o desmame lentamente. Na falta de respostas, pode-se combinar corticóides e agentes imunossupressivos seletivos, por exemplo, para lesões graves, clorambucil. Pode-se usar ainda ciclofosfamida. O uso de antibióticos (trimetoprima-sulfadiazina, cefalexina, amoxicilina – clavulanato, cefadroxil) é eficaz em alguns casos e preferível ao uso de corticóides. A resposta pode ser resultado da atividade anti-inflamatória dessas drogas em vez de suas propriedades bactericidas principais. Como relatos ocasionais de sucesso, relatam o uso de radiação, excisão cirúrgica e imunomodulação.


*Mais uma grande contribuição da Dra.Fernanda,CRMV-MG 9539
Med.Veterinária Esp.em Clínica e Cirurgia de Peq.Animais
Muito Obrigado Fê!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Diabetes Melitus


Hoje em dia ,problemas que acometem a nós humanos se repetem em nossos pets de estimação.Dentre eles as doenças nutricionais como a obesidade,e metabólicas como a diabetes melitus,já são muito presentes nos felinos domésticos.
A obesidade é um passo para a Diabetes no gato.Em modelo semelhante ao que ocorre nos humanos,o gato adulto ou idoso,sedentário e com sobrepeso é um candidato à diabetes.A falta de atividade física e a superalimentação com dietas hipercalóricas são fatores importantes para o desenvolvimento da doença.Acredita-se que os receptores insulínicos,GLUT4,se internalizam na membrana das células-alvos(fígado,músculos,tecido adiposo) tornando-se menos sensíveis ao hormônio,levando à disfunção do controle da glicemia no animal obeso.
O gato desenvolve principalmente uma diabetes do Tipo II,que é a chamada Não -Dependente de Insulina.Nesse tipo,há a produção e excreção normal do hormônio,porém,por algum motivo ou disfunção,a insulina não consegue agir nos sítios-alvos,gerando a hiperglicemia.O que ocorre na obesidade.
Alguns outros fatores podem causar a diabetes:Medicamentos como corticóides e progestágenos(anticoncepcionais) são antagonistas da insulina,competem fisiologicamente com ela.Assim, animais tratados inadequadamente ou por muito tempo com esses fármacos podem vir a desenvolver a doença,por exaustão das células Betas pancreáticas,que são as produtoras da insulina.
Doenças como acromegalia,hiperadrenocorticismo,pancreatite,amiloidose ,neoplasias pancreáticas podem ter como consequência também a diabetes,geralmente dificultando o tratamento e o prognóstico.
O Felino diabético demonstra sinais clássicos causados pela hiperglicemia:Poliúria(aumento da frequência de micção),polidpsia(aumento da ingesta de água),polifagia(aumento do apetite) e perda de peso.Podendo apresentar também vômitos,apatia,fraqueza e posição plantígrada(caminhando como coelho).
O diagnóstico é feito dosando-se a glicose na urina e no sangue.Sempre tendo cuidado com o estresse na coleta,porque o gato faz facilmente a hiperglicemia e glicosúria quando estressado.Na dúvida o veterinário sempre deverá solicitar também a dosagem de frutosamina,que demonstra mais fidedignamente uma hiperglicemia crônica.
O tratamento da diabetes, quando não complicada, é relativamente simples.O importante é diagnosticar cedo e tratá-la adequadamente,pois é muito comum o gato fazer a "diabetes transitória",o que pode ser chamado também por "intoxicação por glicose",que com a terapia pode ser reversível.O importante sabermos é que se não for tratada a tempo,a Diabete Tipo II pode acarretar a Diabete Tipo I,onde ocorre a exaustão e destruição das células pancreáticas e a ausência da produção de insulina.
A dieta e a insulinoterapia formam a base para o tratamento do felino diabético.A alimentação a base de uma ração hiperprotéica,rica em fibras e pobre em carboidratos é de fundamental importância no tratamento.O uso de insulina também é importante,mesmo na diabete Tipo II é indicado iniciar-se a insulinoterapia para evitar o fenômeno da intoxicação por glicose.Podem ser prescritos também os chamados "hipoglicemiantes orais",que são medicamentos humanos que interferem no metabolismo da glicose, e ajudam no tratamento.
O gato diabético deve ser acompanhado de perto pelo veterinário,pois podem ocorrer complicações graves em animais tratados,como a hipoglicemia,e infecções secundárias,principalmente na boca e no sistema urinário,devido à baixa imunológica destes animais.