A Caixa de Pandora, de acordo com a
mitologia grega, era um artefato, na verdade um jarro, que continha todos os
males do mundo. A mesma foi confiada à Pandora, por seu pai, Zeus, com uma
condição de jamais abrí-la. Numa crise de curiosidade, Pandora desobedeceu e ao
abrir a Caixa libertou todos os malogros existentes, como ódio, inveja, raiva e
desamor. Mas o que os nossos felinos têm a ver com essa história?
Longe de os gatos representarem os males do
mundo, pois sabemos o quanto nos fazem
bem. Na realidade essa Síndrome é uma analogia a constelação de sinais e
distúrbios do gato que sofre de Doença do Trato Urinário Inferior, com a Caixa,
enigmática, que parecia esconder todos os malogros possíveis.
Gatos acometidos pela Doença do Trato
Urinário Inferior podem também apresentar sinais de comorbidades, sendo comuns:
Dermatites psicogênicas, distúrbios neurológicos, endócrinos e comportamentais.
Acredita-se que assim, estes animais podem sofrer de um “mal” muito mais amplo
e pouco compreendido, ou seja, a Síndrome de Pandora.
Sabe-se realmente, que há fatores comuns que causam ou predispõem os
gatos a estas enfermidades; Como a obesidade, o sedentarismo e a
super-população. Animais que convivem em situações de estresse constante, em atrito
com outros indivíduos ,ambientes pequenos, pouca atividade física, são
condições predisponentes a estas morbidades, que muitas vezes vêm associadas.
Assim como o mito de Pandora, em que a
Esperança permaneceu no fundo da Caixa, há também bonança para estes pacientes
que sofrem destes males. A modificação multimodal do ambiente é fundamental para a
recuperação destes animais. O enriquecimento do local aonde vivem podem
resolver a quase cem por cento a sintomatologia, mesmo sem o uso de fármacos.
Prover o animal de esconderijos, brinquedos, jogos e estímulos, favorece a
diminuição de estresse, protegendo-os do efeito “colateral” do Sistema Nervoso
Simpático.
É importante que o clínico veterinário e o
proprietário entendam que a Cistite no
paciente felino é multifatorial. Com uma visão” holística”, poderemos detectar
os fatores desencadeantes e consequentemente tratar melhor nossos pacientes.