domingo, 14 de abril de 2013

O Gato e a Síndrome de Pandora


   A Caixa de Pandora, de acordo com a mitologia grega, era um artefato, na verdade um jarro, que continha todos os males do mundo. A mesma foi confiada à Pandora, por seu pai, Zeus, com uma condição de jamais abrí-la. Numa crise de curiosidade, Pandora desobedeceu e ao abrir a Caixa libertou todos os malogros existentes, como ódio, inveja, raiva e desamor. Mas o que os nossos felinos têm a ver com essa história?

   Longe de os gatos representarem os males do mundo,  pois sabemos o quanto nos fazem bem. Na realidade essa Síndrome é uma analogia a constelação de sinais e distúrbios do gato que sofre de Doença do Trato Urinário Inferior, com a Caixa, enigmática, que parecia esconder todos os malogros possíveis.

   Gatos acometidos pela Doença do Trato Urinário Inferior podem também apresentar sinais de comorbidades, sendo comuns: Dermatites psicogênicas, distúrbios neurológicos, endócrinos e comportamentais. Acredita-se que assim, estes animais podem sofrer de um “mal” muito mais amplo e pouco compreendido, ou seja, a Síndrome de Pandora.

   Sabe-se realmente, que  há fatores comuns que causam ou predispõem os gatos a estas enfermidades; Como a obesidade, o sedentarismo e a super-população. Animais que convivem em situações de estresse constante, em atrito com outros indivíduos ,ambientes pequenos, pouca atividade física, são condições predisponentes a estas morbidades, que muitas vezes vêm associadas.

   Assim como o mito de Pandora, em que a Esperança permaneceu no fundo da Caixa, há também bonança para estes pacientes que sofrem destes males. A modificação  multimodal do ambiente é fundamental para a recuperação destes animais. O enriquecimento do local aonde vivem podem resolver a quase cem por cento a sintomatologia, mesmo sem o uso de fármacos. Prover o animal de esconderijos, brinquedos, jogos e estímulos, favorece a diminuição de estresse, protegendo-os do efeito “colateral” do Sistema Nervoso Simpático.

   É importante que o clínico veterinário e o proprietário entendam que  a Cistite no paciente felino é multifatorial. Com uma visão” holística”, poderemos detectar os fatores desencadeantes e consequentemente tratar melhor nossos pacientes.