domingo, 22 de junho de 2014

Gengivite- estomatite Felina



   Há vários tipos de afecções orais em gatos, dentre elas, a gengivite-estomatite crônica é uma das mais presentes na clínica de felinos, além da reabsorção odontoclástica. É uma doença que acomete uma boa parte da população felina doméstica, trazendo grandes transtornos à saúde destes animais.

   O gato acometido apresenta um grande desconforto e dor ao abrir a boca, muitas vezes deixa de se alimentar e reluta até em ingerir líquidos. Pode haver sialorréia e sangramento oral espontâneo com um aumento de linfonodos submandibulares. Clinicamente, no exame intra-oral, pode-se perceber uma intensa proliferação de tecido inflamatório, principalmente nas regiões mais posteriores da boca nos chamados arcos glossopalatinos, o que pode acompanhar uma secreção purulenta e severa halitose.

   Vários agentes etiológicos são incriminados, principalmente vírus, como o Calicivírus Felino e o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV), além de bactérias da própria microflora oral do gato. Fatores genéticos também são investigados, determinadas raças parecem ser mais predispostas, como os siameses e persas. Entretanto, fatores imunológicos individuais parecem ser mais determinantes no desenvolvimento do quadro. Já há comprovação de que nos gatos acometidos há uma alteração no nível de imunoglobulinas salivares em comparação a gatos sadios. Os animais com gengivite-estomatite apresentam um nível salivar de IgA em menor quantidade do que os que não apresentam a doença. Além de que há um aumento da expressão de Interleucinas (IL-6 e IL-4) na mucosa dos gatos enfermos. Entretanto, não se sabe se essas alterações se relacionam com a causa ou seria uma consequência da enfermidade.

  O tratamento mais utilizado atualmente é a imunossupressão com corticosteróides, pricipalmente a prednisolona, podendo-se associar com antibióticos. Recomenda-se também um tratamento periodontal criterioso. No entanto, a terapia muitas vezes é de resposta parcial, com resultados limitantes, aonde na maior parte dos quadros é necessário um longo tempo de administração, aumentando o risco de efeitos indesejáveis da medicação. A exodontia, ou seja, a extração de todos ou a maioria dos dentes, ainda é a mais recomendada forma de tratamento, apesar da radicalidade aparente, a retirada dos dentes leva a uma diminuição da antigenicidade oral, o que diminui a resposta inflamatória local na maioria dos casos.

   Assim, ainda há um longo caminho de estudos e pesquisas a fim de elucidarmos a etiologia e patogênese da Gengivite-Estomatite Crônica Felina, até chegarmos a um tratamento mais eficaz e conservador.