terça-feira, 11 de agosto de 2009

Caso Clínico:Felino "Mordedor de Cauda"



Neste caso,quero a opinião dos colegas,por favor.Quais seriam as possibilidades diagnósticas e que exames poderíamos solicitar?
Depois dou minha opinião.Abraço!

5 comentários:

  1. na minha opinião este é um caso de distúrbio obscessivo-compulsivo assim como dermatite por lambedura, e podem ser usadas algumas técnicas de tratamento, desde ansiolíticos, e medicamentos tópicos do tipo "pet away" que tem sabor amargo, e em casos extremos amputação da cauda.
    abraços
    Melissa

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  2. Incluiria entre os diagnósticos diferenciais além de transtorno compulsivo, doença neurológica, doença degenerativa, Hiperestesia e FIV. Como exames pediria: hemograma, FIV, hemograma, perfil bioquímico, além de estudo radiológico. Muito legal este caso, difícil de ver este tipo de alteração em gatos!! Adorei a nova "cara" do blog.
    Virgínia

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  3. Concordando com os colegas,as doenças da cauda equina devem ser colocadas como diagnóstico diferencial.Alterações dos espaços intervertebrais lombossacrais podem causar parestesia,que é a sensação nervosa desagradável,fazendo com que o animal se automutile.Uma mielografia é imprescindível.Devemos lembrar também que ferimentos como abscessos,na região perineal,cauda e base da cauda,podem gerar agressividade e esta mudança de comportamento,portanto,uma avaliação minuciosa da região deve ser feita.Obrigado!

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  4. Concordo com todas as causas já referidas pelos colegas, que devem ser descartadas sistematicamente. Os transtornos obsessivos-compulsivos, pela sua natureza devem ser sempre um diagnóstico por exclusão. Além disso, este comportamento não é o mais típicodesse distúrbio, mais associado a ansiedade e lambedura psicogénica com alopécia. Os problemas dermatológicos também se descartam por exclusão, após abordagem exaustiva onde também devemos pensar em fazer biópsia de pele. O prurido cutâneo pode ter um papel importante, mas temos de o confirmar objectivamente. Quando encontramos o caso já avançado, é importante tratar as lesões secundárias à auto-mutilação antes de tentar fechar o diagnóstico...
    Dentro das causas mais prováveis para este quadro, as neurológicas devem vir sempre em primeiro lugar. Há, claramente, um distúrbio doloroso intenso e paroxístico. E destas, cruzando a história, a evolução do problema e a tipificação das lesões, podemos excluir a maioria dos distúrbios espinhais, tanto de motoneurónio superior como inferior, com um bom exame físico/neurológico e radiográfico. O síndrome de cauda equina seria um bom candidato.
    A explicação mais provável para este distúrbio é o "síndroma de hiperestesia felina". Este "síndroma", que intrigou os veterinários durante muitas décadas, já se encontra actualmente mais bem compreendido. Pensava-se anteriormente que a causa mais frequente para este distúrbio seria uma patologia epileptiforme somatossensorial/psicomotora, devido aos achados de electroencefalografia encontrados em alguns pacientes, e à resposta (moderada) ao diazepam ou fenobarbital. Actualmente sabe-se que a larga maioria destes animais sofre de polimiosite (idiopática ou imunomediada, secundária a protozoários principalmente), confirmada quer por um valor sanguíneo elevado de creatina fosfoquinase (CPK), ou por biópsia de músculo paralombar. Os músculos paralombares são os mais frequentemente afectados, mas em casos mais atípicos deve-se biopsar outros músculos para não termos um falso negativo. Importante referir também que nos casos crónicos a CPK pode estar normal. O teste mais simples é terapêutico, avaliando a resposta à administração continuada de corticoesteroide. Finalmente, em casos mais indistintos ou em que a região mais acometida seja a cauda / região pudenda ou perianal, deve-se recorrer ao estudo electrofisiológico, não só com electromiografia e velocidade de condução nervosa, mas também potenciais evocados somatossensoriais (EEG), para descartar síndromes de cauda equina mais atípicos.
    Os agentes infecciosos que devemos investigar sistematicamente após a confirmação da polimiosite são o toxoplasma gondii e os hemato-parasitas. Esta polimiosite também pode surgir como síndroma para-neoplásico, mais raramente.

    Parabéns pelo seu blog!
    Cumprimentos

    Hugo Pereira

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