segunda-feira, 30 de março de 2009

Informações para Proprietários:Guia do Felino Geriátrico


Os avanços na medicina veterinária,juntamente com o crescimento da qualidade dos alimentos e da indústria pet,têm favorecido o aumento da expectativa de vida dos gatos domésticos.Somando-se a isto,a maior preocupação e informação dos proprietários em relação ao bem-estar animal e ao próprio conceito de posse responsável,têm-se aumentado a população de gatos geriátricos notavelmente.Portanto,é importante que entendamos que tipos de alterações podem ocorrer em um felino "sênior" e como detectá-las precocemente.
A idade considerada geriátrica em gatos é a partir de 8 a 10 anos,onde as principais mudanças podem ocorrer.As afecções geralmente são crônicas e progressivas,com inícios sutis.Mesmo podendo ser simultâneas e múltiplas,separaremos para uma melhor compreensão:
*Alterações no Tegumento(pele) - Diminui a elasticidade,os pêlos ficam mais frágeis e opacos,geralmente o gato diminui o cuidado com a pelagem(grooming),o aspecto fica desgrenhado e até oleoso.Deve-se escová-los e ajudar na limpeza dos geriátricos.
*Alterações na cavidade oral - Os problemas dentários e bucais em gatos idosos são bastante comuns,podendo levar à grandes desconfortos até à falta de apetite total.Inflamações nas gengivas e reabsorção dentária são esperadas.Geralmente o animal reluta em abrir a boca e baba bastante quando tenta se alimentar,além de uma halitose bem característica.O recomendado é o condicionamento desde de filhote a escovação diária da dentição,prevenindo em grande parte estas afecções.
*Problemas Nutricionais - A maioria dos gatos senis diminuem o apetite,além de serem mais seletivos,por perderem um pouco da sensibilidade do seu olfato e paladar.Assim,a ração deve ser especial,com proteínas de alta qualidade,boa porção de fibras , um conteúdo mineral bem equilibrado e de alta palatabilidade.Pode ocorrer também a obesidade,cada vez mais comum,no caso da ingestão de alimentos inadequados e de alto teor calórico,associando-se com o sedentarismo,o que pode predispor a vários outras enfermidades.O ideal é fornecer uma ração para gatos "seniors", seguindo a quantidade diária recomendada,além de estimular o felino para jogos,sempre enriquecendo seu ambiente.
*Alterações Cardiovasculares - Pode ocorrer um aumento da pressão arterial,comumente devido à disfunções hormonais ou renais.O coração pode aumentar de tamanho com a idade,mas nem sempre associa-se com doenças.Mais uma vez a alimentação com ração de qualidade é importante,pois um aminoácido chamado Taurina é essencial para o bom funcionamento do coração,e só pode ser adquirido pelo alimento.
*Problemas Articulares - Já são bem conhecidos processos degenerativos das articulações no decorrer da idade,devido principalmente à diminuição da produção de colágeno e sulfato de condroitina.Os sintomas podem ser imperceptíveis,por causa da natureza felina e pela própria baixa atividade física na idade mais avançada.Mas disfunções como diabetes e obesidade podem agravar o quadro.Em casos mais graves,o gato pode deixar de procurar a liteira,devido à dor,eliminando seus dejetos em qualquer lugar mais acessível.
*Disfunções Hormonais - Hipertireoidismo: É a doença hormonal mais comum nos gatos.Alterações no apetite(aumento),atividade aumentada,ansiedade,agressividade,marcação territorial por urina ou fezes aumentada,emagrecimento,aumento da ingestão de água,pelame de má qualidade,diarréia e vômitos podem ocorrer.É importante a dosagem de T4 para o diagnóstico precoce,evitando-se maiores danos,principalmente a nível de coração e rins.
Diabetes Melito:Bastante associada à obesidade,o que aumenta a resistência das células à insulina.Os principais sintomas é também o aumento do consumo de alimento e água,emagrecimento,aumento da micção e problemas articulares.
*Problemas Renais - Alterações como diminuição do tamanho,diminuição da taxa de filtração e do fluxo sanguíneo são comuns e progressivas.É importantíssimo ter este conhecimento,principalmente antes da administração de medicamentos.Os exames específicos devem ser feitos o mais cedo possível,no máximo a partir de 10 anos,e repetidos frequentemente.
*Problemas Hepáticos - O fígado felino têm várias particularidades comparando-se com outros animais,e no gato geriátrico,ele deve ser tratado com muito mais carinho.Existem enfermidades inflamatórias típicas desta idade.Sintomas como vômitos frequentes,emagrecimento,falta de apetite e pele amarelada podem ser vistos.As dosagens periódicas das enzimas hepáticas podem facilitar o tratamento.
*Distúrbios Comportamentais - É importante diferenciar alterações comportamentais propriamente ditas das afecções orgânicas.Às vezes,a micção fora da caixa-de-areia pode ser devido à alterações no ambiente, que causam estresse no felino,assim como doenças do trato urinário inferior ou até hormonais,podem causar sintomas parecidos.
Há descrição de depressão felina,com sinais de mudança comportamental,como a falta de sono,confusão mental,deambulação e miados desesperados.Podendo também acontecer eliminações inapropriadas ou até ingestão de corpos estranhos.Novamente o veterinário irá descartar doenças em outros sistemas orgânicos,antes de estabelecer um tratamento.


O proprietário deve iniciar o programa geriátrico entre a idade de 8 a 10 anos de seu gato.As visitas ao veterinário deverão ser preferencialmente a cada 6 meses,incluindo:
#História comportamental;
#Exame físico completo;
#Medição de peso corporal;
#Ausculta cardiorespiratória;
#Hemograma Completo;
#Níveis séricos de creatinina,potássio,fósforo,cálcio,glicose,ALT,FA,GGT,T4;
#Aferição de pressão arterial;
#Urinálise.

Finalmente,sabemos que as mudanças físicas,clínicas e comportamentais são inevitáveis na senilidade.No entanto,JAMAIS A VELHICE SERÁ SINÕNIMO DE DOENÇA,com prevenção e tratamento prévio,a expectativa e a qualidade de vida de nossos animais sempre será maior.
Abraço!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Haemobartonela: Achado ou Vilã ?

Tenho visto muitos colegas diagnosticarem ou talvez super-diagnosticarem hemobartonelose muito facilmente,as vezes tão somente levando em consideração a um hemograma.Mas,ela é tão comum assim?
Há alguns anos,acreditava-se que a bactéria Haemobartonela felis era uma riquétsia,entretanto,com isolamento de sequencias de DNA,foi verificado que parecem mais com o gênero Mycoplasma.Sabe-se que trata-se de uma bactéria gram-negativa,não-ácido resistente e é parasita obrigatório de hemácias.Há duas espécies distintas morfologicamente e geneticamente: a pequena,antes chamada de "California",agora Candidatus mycoplasma haemominutum e a grande,antes "Ohio"e hoje,Mycoplasma haemofelis,possivelmente a única patogênica.
A forma de contágio não foi definida concretamente.Implicou-se como transmissores os artrópodes hematófagos como pulgas,mas também a transmissão vertical da mãe para os filhotes,através da placenta,leite ou até mesmo durante o parto, pode ser possível.Quando ocorre à infecção,as bactérias se aderem às hemácias,enterrando-se literalmente em suas membranas,alterando a morfologia dessas células.A partir daí começam os transtornos:os danos diretos dos parasitas nas membranas causam um encurtamento da expectativa de vida eritrocitária,levando à uma anemia por hemólise e sequestro,além de provocar uma produção de anticorpos anti-eritrocitários devido à exposição deliberada de antígenos das hemácias destruídas.Tudo isso causa uma anemia de característica auto-imune.
A tendência é o hematócrito cair bastante,causando anorexia,letargia,perda de peso e depressão em alguns gatos.Mas um ponto importante é que ,em apenas alguns animais ocorre essa grave anemia infecciosa,geralmente têm que coexistir fatores debilitantes e imunodepressores,principalmente FeLV,mas também processos infecciosos do trato respiratório superior,FIV e toxoplasmose.Portanto,atualmente considera-se a hemobartonelose como uma doença oportunista,em que o estresse e o imunocomprometimento favorecem o desenvolvimento da enfermidade,mesmo que em alguns casos não verifique-se o fator desencadeante.
As características laboratoriais vistas no hemograma consistem principalmente de anemia normocítica normocrômica regenerativa,geralmente com hematócrito de 15 a 17%,podendo haver anisocitose e policromasia.Verifica-se que em casos de FeLV concomitante,pode haver um caráter arregenerativo e uma macrocitose.O leucograma estará sem alterações significativas,as vezes uma leucocitose.Em relação às plaquetas,é importante destacar:O Mycoplasma Haemofelis NÃO CAUSA TROMBOCITOPENIA!!!
Essa crença veio da comparação que muitos clínicos,erroneamente fazem ,com a erliquiose canina,o que é um absurdo,levando à diagnósticos equivocados.Aliás, a trombocitopenia em gatos,na maioria dos casos,não deve ser levada a sério,por ser geralmente devida a fragilidade destas células nos felinos,que facilmente são
destruídas pelas técnicas hematológicas.

No perfil bioquímico,pode ocorrer um aumento da enzimas hepáticas,principalmente ALT e AST,também bilirrubinas e colesterol.Em casos graves,o gato pode ficar ictérico,devido à intensa hemólise extra e intra-vascular.
O diagnóstico pode ser feito através dos sinais clínicos e achados laboratoriais,além de técnicas de PCR,que é um teste bem sensível e extremamente eficaz na detecção da enfermidade.A pesquisa direta através de esfregaços sanguíneos é um método tradicional e de grande valia,mas deve-se ter o cuidado no preparo das lâminas,para se evitar falsos-positivos,principalmente por artefatos causados por secagem ou fixação e precipitação de corante inapropriadas.No entanto,não se pode descartar a hemobartonelose se não foi encontrado o parasita,devido ao fenômeno de parasitemia cíclica,a ausência de microorganismos não descarta a enfermidade.
O tratamento mais recomendado é a base doxiciclina,pois as outras tetraciclinas podem induzir febres nos gatos,principlamente formulações injetáveis.Pode-se utilizar também corticóides de curta duração,para diminuir o processo de autodestruição das hemácias,além de anti-anêmicos e vitaminas.É essencial sabermos que a terapia não elimina o parasita,o gato fica infectado por longos períodos,podendo haver reincidiva em casos de doenças concomitantes.
Portanto,muito cuidado em diagnosticar a doença,o parasita pode está presente,mas não ser a causa do quadro clínico,todos suspeitos devem ser submetidos a testes de PCR e/ou pesquisa direta do microorganismo,além de ser investigada possível enfermidade desencadeadora.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Medicina Comportamental - Parte 1

Os benefícios da relação homem-animal já são bem conhecidos.Os animais sempre fascinaram a humanidade.Possuem o poder de melhorar o aprendizado das crianças,ajudam na recuperação de doenças psicossomáticas e psicomotoras,servem como ansiolíticos e fiéis companheiros.Entretanto,em algumas ocasiões,essa relação fica estremecida,tornando-se um verdadeiro dilema,de resolução difícil e algumas vezes de fim trágico.
Os problemas comportamentais em felinos vêm ganhando destaque na clínica veterinária,e devido a domesticação recente do gato,em comparação com a canina, tornam -se um desafio para o clínico e para o proprietário.Alterações e disfunções comportamentais têm sido as causas mais comuns de estresse,abandono e até eutanásia de alguns animais.Problemas como agressividade,eliminação(micção e defecação)inapropriada são os mais frequentes.O interessante é que em alguns casos,estes comportamentos ditos inapropriados,são normais para os felinos,onde cujo proprietário os estimulou inavertidamente.Daí a importância do veterinário para informar e educar o cliente, a respeito do que esperar do diário de um felino.
Na ocasião da primeira consulta de um gatinho,o clínico, além de apresentar todo o esquema de vacinação e vermifugação,além de um exame físico acurado,deve expor todas as informações possíveis sobre o comportamento normal do felino,sobre o ambiente ideal e o seu enriquecimento,explicar a fase importante na socialização que é esta idade e como prevenir os problemas mais comuns.
Quando a prevenção não ocorre,as chances de animais problemáticos é muito grande,e o procedimento corretivo é muito demorado e difícil para ambas as partes.Em casos de consultas comportamentais,o clínico deve explorar criteriosamente o histórico dos animais envolvidos,o ambiente deve ser visitado e observado atentamente.A anamnese deve ser colhida de uma pessoa confiável,se possível mais de uma,que estão em contanto bem próximo dos pacientes.Esta deve ser bem extensa e detalhada.Com o exame físico e laboratoriais podemos diferenciar os problemas comportamentais das disfunçoes de sistemas orgânicos,como nos casos de poliartrites,por exemplo,que os gatos deixam de ir à caixa-de-areia devido a relutância e a dor.Nestes testes devem ser incluídos perfis bioquimicos e endócrinos,sumário de urina e exames de imagens.
O cliente deve ser bem esclarecido que todo o tratamento ,nestes casos ,é demorado e susceptível a alterações,e que depende muito da sua colaboração também.Outro ponto importante para o clínico,é a obtenção de uma autorização por escrito,assinada pelo proprietário,no caso de prescrição de drogas ansiolíticas ou afins,pois a grande maioria são de uso médico,sem indicação para felinos.Assim,assegura-se uma boa convivência como cliente.
O objetivo destes tópicos "Medicina Comportamental" é trazer novidades sobre tratamentos e guias para informação e diagnóstico destes transtornos.Foi colocado três materiais para download,todos elaborados pela Associação Americana de Clínicos de Felinos.O primeiro é um guia bem interessante para ser fornecido aos proprietários,com valiosas dicas para o acompanhamento de seu gatinho.Os seguintes são diagramas com as principais posturas comportamentais.No decorrer dos dias,abordaremos os principais distúrbios comportamentais,como agressão e problemas de eliminação.Até mais!

Períodos de Desenvolvimento Felino
Esquema de Posturas Corporais Felinas
Expressões Faciais Felinas

sexta-feira, 13 de março de 2009

ABFEL


Há quase dois anos foi criada a Academia Brasileira de Clínicos de Felinos,que têm na presidência a Dra.Fernanda Amorim e como Vice-Presidente a Dra.Heloísa Justen.A associação é destinada a congregar todos os veterinários estudiosos e praticantes desta área,favorecendo o intercâmbio e o progresso entre os membros.
O site já está funcionando,através dele pode ser feito o cadastro de profissional ou acadêmico.
Associem-se!


http://www.abfel.com.br/Bem-vindo.html

terça-feira, 10 de março de 2009

Informações para Proprietários



Nestes tópicos,abordaremos alguns assuntos de maior interesse para os proprietários e amantes de gatos.Os temas serão variados,mas serão basicamente relacionados a dúvidas mais frequentes e a preconceitos ,ou a alguns tabus sobre os nossos bichanos.



ZOONOSES : TOXOPLASMOSE,O GATO TÊM CULPA?

Toxoplasmose é uma doença considerada zoonose,ou seja,o homem pode adquirí-la
através dos animais.Ela é mais perigosa para pessoas debilitadas e imuno-incompetentes,como crianças,idosos,HIV-positivos e para também mulheres gestantes,podendo até acontecer a infecção fetal.
Ela é causada por um protozoário,o Toxoplasma goondi,parasita de várias espécies de animais,inclusive o homem,mas que só consegue completar seu ciclo de vida nos gatos.Esse ciclo,consiste em três fases basicamente:Há os taquizoítos,de multiplicação rápida,que se distribuem nos tecidos do corpo se" reproduzindo";os bradizoítos ,que vivem "paradinhos" em cistos nos tecidos do hospedeiro;e os oocistos,que são eliminados juntos com as fezes dos gatos.

E a transmissão?


Geralmente podemos contrair a doença sob duas formas:através da ingestão de oocistos esporulados,presentes em verduras e frutas mal-lavadas ,mãos contaminadas por terra ou fezes,também através de água não-filtrada ou carnes mal-cozidas,que contenham formas encistadas do parasita.Daí,o protozoário em nosso organismo não completa seu ciclo,podendo se implantar em diversos orgãos,levando à pneumonia,uveíte,hepatite,enterite e infectar tecidos fetais no caso de mulheres grávidas,podendo causar aborto,surdez ou cegueira na criança.


E então?Corro um risco criando um gato?


Finalmente,depois de inúmeros estudos,constatou-se que a forma menos provável de se adquirir a doença é através do contato com gatos, por vários motivos:

1- Tipicamente os gatos só eliminam os oocistos em quantidades infectantes apenas uma vez na vida,que é logo após o primeiro contato com o parasita.E esse período de eliminação é de somente 15 dias no máximo,depois disso,o gatinho ganha resistência ao Toxoplasma,não mais o eliminando nas fezes.

2-Para o gato se infectar ele deve ingerir o protozoário,que pode ser encontrado em carnes cruas e pequenas presas,como lagartixas e ratos.Logo,gatos que só comem ração,possuem um risco bem diminuído.

3- Os oocistos nas fezes dos gatos precisam de no mínimo dois dias para se tornarem infectantes,assim,a limpeza e a remoção dos excrementos diariamente das liteiras e caixas-de-areias,impede a contaminação humana.

4- Os felinos são animais muito higiênicos,portanto,várias pesquisas não conseguiram encontrar o oocisto do parasita na pelagem desses animais,então o contato direto com eles,não nos transmite a doença!


Como posso evitar a doença?

O importante é cuidar da higiene pessoal e dos alimentos:lavar bem as mãos antes das refeições,usar luvas quando em contato com terras e jardins;lavar frutas e verduras antes do consumo;só beber água filtrada;cuidado com carnes mal-passadas;não oferecer carne crua aos animais;evitar o acúmulo de sujeira nas caixas-de-areias,limpando-as todos os dias.
Portanto,o nosso gato não têm culpa!!!


sexta-feira, 6 de março de 2009

Dispnéia em Felinos






As afecções da cavidade torácica são bem comuns na clínica felina.
Por mais variadas causas podemos nos deparar com um gato em crise dispnéica,como neoplasias,doenças cardio-respiratórias,parasitas pulmonares,disfunções metabólicas e outras.
Em todos os casos,o atendimento quase sempre é emergencial,e devido a instabilidade do paciente, o diagnóstico é fundamentado na história clínica e no exame físico.Depois,com o paciente estável,podemos submetê-lo a exames complementares,somente para termos informações mais detalhadas da patologia.
A anamnese inicial deve ser rápida,mas bem direta,informações como tempo de desenvolvimento dos sintomas,doenças pregressas,acidentes,traumas prováveis,são importantes.
O exame clínico é baseado na observação dos movimentos respiratórios(padrões) ,na auscultação e na palpação da parede torácica.Acredito que o melhor ângulo para a determinação do padrão respiratório é visualizando-se o animal por trás.O padrão pode ser do tipo restritivo ou obstrutivo.O primeiro caracteriza-se por movimentos rápidos e superficiais,que pode estar em conjunto com uma cavidade torácica expandida,o que sugere um derrame pleural ou um pneumotórax ,ou quando nota-se a cavidade" comprimida",sugere-se uma afecção pulmonar restritiva,como edema.Por outro lado,um padrão considerado obstrutivo,com respirações lentas,laboriosas e profundas,geralmente com grande esforço da musculatura da parede torácica na inspiração,suspeita-se de obstrução das vias aéreas superiores.
Há também o movimento chamado paradoxal,em que a parede torácica se move para dentro da cavidade,no momento da inspiração.Isto pode ser devido a segmentos afundados(como fratura de costelas),paralisia da parede torácica,ruptura de diafragma,entre outros.
Complementando o exame físico,devemos palpar criteriosamente o gradil costal,buscando fraturas,ferimentos e fístulas.A Percussão da cavidade torácica também é interessante,detectando se há líquido,massa ou ar no espaço cavitário.A ausculta é fundamental,mas pode ser prejudicada pela presença destes derrames,mas não deverá ser esquecida.
Um procedimento importante é a drenagem torácica ou toracocentese,que além de ser diagnóstica é uma manobra de tratamento também.A retirada de líquido ou ar do espaço pleural,mesmo em quantidades mínimas,melhora e muito o quadro urgente do felino.Entretanto,nunca é demais lembrar que todo o atendimento deve seguir o ABC emergencial, e oxigenoterapia em gaiola é o mais indicado.Depois da estabilização podemos realizar radiografias,tumografias e citologias,o que nos orientarão para a tratamento definitivo.
O vídeo é bem simples,mas quis mostrar o padrão restritivo em um caso de efusão pleural,por carcinoma metastático.Essa gatinha estava com 11 anos,a proprietária notara a dispnéia que veio progredindo há pelo menos 10 dias.Relatou que o animal havia sido submetido à uma mastectomia há 4 meses atrás,devido a nodulações nas mamas torácicas direitas,que infelizmente não havia sido feito um histopatológico.
Foi feita a toracocentese,evidenciado um líquido sero-sanguinolento(20ml),de cor alaranjada escura.Como se percebe no áudio,o proprietário dificultou muito a realização dos exames complementares,mas conseguiu-se o requerimento de uma rediografia torácica com 5 dias depois(figura acima),onde já se percebia uma nova coleção de líquido ,e uma citologia da efusão,onde foram encontradas várias células neoplásicas(carcinoma),inúmeros linfocitos e macrófagos em fagocitose.O proprietário optou pelo sacrifício do animal.



quinta-feira, 5 de março de 2009

Ficha Dermatológica

Tive certa dificuldade em encontrar um desenho padrão de felinos,para a criação da ficha dermatológica dos pacientes atendidos.Acho imprescindível um arquivamento destas fichas,com a descrição pormenorizada de todas as lesões que podemos perceber no exame clínico,assim,nos retornos tudo fica mais simples e podemos ver a progressão ou regressão do quadro.


http://www.4shared.com/file/91240861/7fc45389/Doc1.html

terça-feira, 3 de março de 2009

Alimentação Enteral


A preocupação com o bom funcionamento do intestino em animais enfermos é um pouco recente,lembro-me bem que há dez anos atrás,víamos poucos trabalhos relacionados a alimentação enteral em animais.Hoje,no entanto,há inúmeros.Todos comprovam a importância de se reiniciar a alimentação o quanto mais cedo possível,prevenindo o colapso intestinal e a sepse por translocação bacteriana.Mas o que mais me espanta,é quando tenho a triste oportunidade de ver um gatinho anoréxico a dois,três dias,mantido somente na fluidoterapia(muitas vezes com soro-glicosado!!!) e
com uma panacéia de fármacos,sendo que a mais básica e sorridente alimentação é esquecida,e o pior,que isso ainda é bem comum.
Os felinos,em comparação com os cães,pagam muito mais caro por esses procedimentos equivocados,não suportam períodos de anorexia,e muito menos terapias somente parenterais,pois são carnívoros,estritamente carnívoros,por tanto, pedem proteínas como fonte de energia!
O primeiro link é de um artigo bem escrito pela Dra.Valenzuela,da Associação Chilena de Medicina Felina,abordando desde a importância da alimentaçao enteral precoce,a esses aspectos exclusivos da nutrição e metabolismo felino,até as formas de sondagem enteral utilizadas.O segundo link é de um livro médico humano,escrito por norte-americanos,denominado "Falência Intestinal",que para mim é um livro ímpar,com informações absurdamente valiosas,onde conseguimos entender porquê o intestino é considerado o segundo cérebro.
Saudações e não esqueçam:"Se o intestino ainda funciona,não esperem,utilizem-o".


http://www.4shared.com/file/90588476/4a97f0ed/alimentacion_enteral_achmefe.html


http://www.4shared.com/file/90589695/f6253fd2/Intestinal_Failure__Diagnosis_Management_and_Transplantation_.html

Nota do Editor


Os felinos sempre me fascinaram desde a tenra idade admirava-me dos grandes saltos dos pumas,da furtiva velocidade dos guepardos,da austeridade dos leões,dos semblantes misteriosos das panteras,assim,a cada siamês maroto,a cada persa soberbo,a cada pêlo -curto astuto que atendo,vejo um pedaço dessa natureza selvagem dentro deles.Um pedaço que na realidade é um todo,muito complexo,extraordinário e instigante.
Eles são domésticos,mas são também selvagens.Eles são seus,mas também vocês são deles.Nós os
adotamos ou nos adotaram?Eis a questão!
Esse espaço é na realidade,uma dedicação a todos que criam gatos,e principlamente,a todos os veterinários que estudam e se dedicam com prazer a essa linda área clínica chamada Medicina Felina.O objetivo é dispor casos clínicos,informações,discursões em relação a todos os temas desta
área,portanto,qualquer participação e contribuição será bem-vinda,logo que,estou bem distante de ser o dono da verdade.