sexta-feira, 22 de maio de 2009

Apontamentos sobre FLUTD


Os termos “Síndrome Urológica Felina”(SUF) e “Doença do Trato Urinário Infe-
rior de Felinos”(DTUIF) têm sido usados para relatarem uma constelação de sinais clí-
nicos associados à micção difícil nos gatos,mas sem a identificação de uma causa sub-
jacente.
A maioria dos gatos com DTUIF sofrem de cistite interticial idiopática,mas uro-
litíases,más-formações anatômicas,distúrbios comportamentais,problemas neurológicos,
infecções bacterianas e neoplasias podem também ocorrer,embora mais raramente.Inde-
pendente da etiologia,os sinais clínicos são similares e incluem disúria,estrangúria,he –
matúria(macroscópica ou microscópica),polaciúria e periúria(micção em locais inapro –
priados).
Uropatia obstrutiva ou não-obstrutiva são conceitos que também podem ser utili –
zados para classificar a DTUIF.A obstrução uretral em fêmeas é rara,e muito comum
em gatos machos,mas acredita-se que a doença não-obstrutiva é tão comum em machos
como em fêmeas.O diâmetro da uretra e a frequência de uropatia obstrutiva não diferem
entre machos castrados e intactos.
Doenças do trato urinário inferior são comuns em animais confinados em ambien-
internos(indoor) e que vivem com outros gatos.Por isso,a influência de distúrbios com –
portamentais e interações com outros animais,no desenvolvimento da DTUIF,não po –
dem ser desprezadas.Muitos estudos associam a doença à fatores ambientais,como mudan-
ça na interação com proprietários,mudanças na rotina,alto número de contactantes em
recintos pequenos,viagens e deslocamentos recentes.
O peso corporal e a dieta também são fatores de risco para o felino.Gatos obesos e
sedentários possuem uma incidência maior de DTUIF,assim como aqueles cuja dieta é
baseada em rações secas e que ingerem pouca água.
A maioria dos animais afetados são apresentados na idade de 2 a 6 anos,e é inco-
mum em gatos com menos de 1 ano e superior a 10 anos.
O diagnóstico pode ser feito através de exames rotineiros como urinálise,cultura
urinária,radiografias simples ou contrastadas,ultra-sonografia ou até uroendoscopia,pa –
ra identificar a etiologia.As causas mais comumente encontradas são a cistite interticial
(55 a 69%) e urolitíase(13 a 28%).A infecção urinária só é encontrada em apenas cerca de 2% dos casos.
A importância em se buscar a etiologia é evitar as complicações,até mesmo iatro-
gênicas,e diminuir as recorrências,que podem ser altas,como cerca de 45% após 6 meses em gatos machos com obstrução urinária e até 39% após 1 ano em animais com uropatia
não-obstrutiva.
Muitos casos de DTUIF podem ser tratados com sucesso,usando-se cuidados pri-
mários como instituindo-se ou melhorando a hidratação,e o remanejo ambiental.Geral –
mente os sinais clínicos resolvem-se com 7 dias.Houvendo persistência dos sintomas ou recorrência em curtos períodos,deve-se avaliar o caso com exames complementare de i-
magem e urinálise ,enriquecer ainda mais o ambiente do paciente,diminuindo também
qualquer tipo de estresse e encorajá-lo à ingestão de água e alimentos úmidos.Depen –
dendo da etiologia,podemos lançar mão de anti-inflamatórios e analgésicos,terapia com
ferormônios,ansiolíticos e até glicosaminoglicanos.Antibióticos dificilmente serão ne –
cessários,visto que a infecção bacteriana do trato urinário em felinos é incomum,princi-
palmente em animais jovens.Estes,só serão recomendados quando diante de uma cultura
urinária bacteriana positiva.
Para download temos um trabalho excelente da Vet Clin Animal Practice,em inglês,e uma revista espanhola de uma abordagem muito boa.Dois materiais que se completam e nos educam.

Atualização FLUTD
Afecções Urinárias em Felinos

terça-feira, 5 de maio de 2009

Alimentação Enteral:Sondagem Esofágica


Contribuindo para a "divulgação" da importância da alimentação enteral na clínica de felinos,posto um vídeo excelente sobre a técnica de sondagem esofágica,que nos dá um apoio maravilhoso,tanto para a nutrição de gatos anoréxicos,como para administração de medicações.
É importante salientar que, por esta técnica necessitar de anestesia geral,dependendo do caso, o ideal é começarmos com uma alimentação via sonda nasogástrica e logo em seguida a estabilização do paciente, iniciarmos com a esofágica.
Esta sonda não incomoda em nada ao nosso felino,e muitas vezes podemos instruir o proprietário para alimentá-lo em casa,desde que retorne a clínica para um monitoramento,por 2 vezes na semana.
Mais informações no próprio blog:Alimentação Enteral

Técnica de Sondagem Esofágica

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Linxacariose


O Lynxacarus radovskyi é um ácaro Sarcoptiforme da família Listophoridae,possui uma forma alongada,com laterais achatadas.É um ácaro de movimentação rápida,de coloração branca com porção anterior marrom.Há formações em ventosa em todas as patas,o que os mantêm firmemente aderidos aos pêlos dos animais.Medem de 430 a 520 micrometros de comprimento.Ele é chamado assim em homenagem ao Dr.Radovsky,pioneiro na identificação,do Museu Natural de Honolulu,no lindo Hawai.
Seu ciclo de vida ainda é pouco conhecido,acredita-se que ele permanece toda a sua existência aderido ao pêlo do hospedeiro,alimentando-se deste.Os ovos são grandes,cerca de 0,2mm de comprimento,que dão origem a uma larva e depois uma ninfa.
Em vários estados já foi notificado o parasita,como Rio de Janeiro,Rio Grande do Sul,São Paulo,Pernambuco,Pará,Rio Grande do Norte,Ceará,Paraíba e Espírito Santo.Notadamente,é um ácaro dos trópicos.
Geralmente os sinais clínicos são proporcionais ao tamanho da população destes parasitas no animal,podendo ocorrer alopecia,com pêlos facilmente destacáveis,descamações,prurido,lesões escoriativas e até dermatite miliar.Porém,a infestação subclínica é comum,com o hospedeiro assintomático.Percebe-se também que o prurido nem sempre é proporcional ao grau de infestação,pois em alguns gatos com poucos ácaros ,desenvolvem uma hipersensibilidade,coçando-se bastante.Alguns sintomas gastrointestinais podem acompanhar devido à lambeduras excessivas,como vômitos e constipação por bolas de pêlos
Foi reportado que animais de pelagem clara são mais susceptíveis,entretanto alguns estudos não comprovaram esta predisposição.As regiões mais afetadas são a epigástrica,perineal,membros pélvicos,cauda e dorso-lombar,mas uma infestação generalizada pode ser encontrada,principalmente em persas e outras raças de pelagem longa.
A transmissão é basicamente por contato direto,mas fômites também podem ser uma forma importante de contágio,como toalhas,camas e escovas.Há também relatos de contaminação humana,sob forma de erupções cutâneas pruriginosas.
O diagnóstico é feito facilmente por tricograma ou raspado -de- pele,isolando-se o agente.
São conhecidos vários tratamentos,com discordâncias em relação à efetividade dentre eles,de acordo com vários autores.Pode-se utilizar a ivermectina,selamectina,banhos semanais com xampus a base de sulfeto de selênio,tetraetil-tiuran,piretrinas.Produtos tópicos como o fipronil também são utilizados.
A Linxacariose é uma dermatopatia emergente na clínica de felinos,onde pouco se conhece do ciclo deste parasita e o tratamento ideal.Particularmente,acredito que a presença dele não pode significar uma patologia,dependerá de toda uma história e exame clínico detalhado,mas também,uma hipersensibilidade ao mesmo não é tão incomum,justificando quadros pruriginosos em felinos.Na nossa experiência o fipronil têm resolvido bem os quadros de infestação,podendo-se associar à ivermectinas ou banhos semanais com tetraetil-tiuran.