Leishmaniose em caninos já em bem conhecida,mesmo assim muito discutida.A Enfermidade em felinos é ainda pouco documentada,embora algumas características da espécie possam favorecer o contágio,como o estilo peridomiciliar,vespertino e crepuscular,mesmo assim são poucos casos registrados,entretanto, a maior parte é no Brasil.
Já está comprovado que os mosquitos do gênero Lutzomyia podem se alimentar do sangue de vários mamíferos domésticos e silvestres,dependendo do ambiente e disponibilidade.Cavalos,jumentos,marsupiais e roedores silvestres podem servir como fonte alimentar.
O aumento da população felina,as características específicas supracitadas e um maior controle da Leishmaniose em cães, pode levar a um aumento de casos da doença em gatos.
A enfermidade em felinos é basicamente dermotrópica,com manifestações cutâneas como nódulos,descamações,pápulas e úlceras,principalmente na face,focinho e pinas,podendo ser os únicos sintomas.Alterações viscerais não são comuns ou não relatadas nos casos descritos,mas pode ocorrer linfadenomegalia.
O diagnóstico é bem semelhante ao dos caninos:sorologia,citologia aspirativa e biologia molecular.
O papel do gato na epidemiologia da doença ainda é obscuro,não se pode afirmar se ele serve de reservatório ou não.Em um importante estudo,através de inquérito parasitológico,demonstrou que a maioria dos gatos que tinham o protozoário não apresentavam nenhum sintoma de leishmaniose.Outro dado importante é que a maioria dos gatos infectados experimentalmente obtiveram cura espontânea em menos de um ano,mas que respondiam ainda positivamente na sorologia.
O caso acima trata-se de um felino macho,resgatado na rua,em Fortaleza-CE,com intensa dermatite crostosa na face e orelhas,alopecia e caquexia.Faixa etária de mais ou menos 4 anos.Lesões eritematosas podais,onicogrifose marcante,com unhas quebradiças.
Foi instituído pelo proprietário um tratamento à base de ivermectina,com aplicações semanais,com discreta melhora.
Coletou-se material para raspado dermatológico(pesquisa direta de ectoparasitas e fungos) e para cultura fungica,sendo ambos negativos.Retirou-se um amostra sanguínea para sorologia para leishmaniose,dando o resultado reagente.
Uma terapia à base de Itraconazol foi iniciada,ainda sob a suspeita de dermatofitose,enquanto esperava-se o resultado do exame sorológico para Leishmania.O quadro dermatológico melhorou bastante,com regressão das lesões,permanecendo somente a alopecia e hiperemia no focinho e orelhas.
A resposta ao anti-fúngico corrobora com a opinião de alguns autores,da acão leishmaniostática do fármaco,com "cura temporária" da enfermidade.
O próprio manejo que foi implantado,com alimentação de qualidade e abrigo pode ter favorecido a recuperação do felino em questão,já que também a cura espontânea já foi documentada.
A leishmaniose felina deve ser incluída no diagnóstico diferencial de dermatites faciais principalmente em áreas endêmicas da doença.
Leu meus pensamentos Reginaldo. Estava querendo ler algo sobre, se vc tiver algum material e poder me mandar agradeço(aa_xs@hotmail.com). Foi bem esclarecedor, isso prova inclusive que há tratamento sim porém por questões legais ainda não podemos fazer. Esperamos mais estudos para evitarmos essa matança.
ResponderExcluirAbraço
Nossa fiquei impressionada com o caso! Parabéns pela conduta clíncia e diagnóstica!
ResponderExcluiré praticamente outro animal na segunda foto imagino a alegria da dona!
Nossa Mari!Uma honra seu comentário,muito obrigado!
ResponderExcluirAlison,ainda vou mandar ok?Abraço!
É uma pena que no Brasil continuem a sacrificar os animais com leishmaniose.
ResponderExcluirEm Portugal efectuamos o tratamento em cães com Glucantime e Zyloric ou Milteforan e Zyloric e embora não se consiga a cura parasitológica,consegue-se a cura sintomática especialmente no quadro cutâneo. O control é feito através do proteinograma e PCR em real time.
Ana Mota-Setúbal-Portugal
Muito importante seu comentário Ana!
ResponderExcluirUm dia trataremos nossos animais e evitaremos tantas mortes desnecessárias,principalmente quando a hipocrisia de nossas autoridades acabar.
Você passar seu protocolo para meu e-mail?filhorps@hotmail.com
Abraço!
Belo trabalho Reginaldo! Parabens pela iniciativa de publicar sua experiencia e expor a nossa realidade de Fortaleza onde não só os caes mas também os gatos podem ser acometidos dessa enfermidade. Mas no momento apenas os caes " são os culpados" na visão dos nossos governantes. Sendo muitos deles exterminados inocentemente.
ResponderExcluirEu já atendi alguns gatos onde o diagnostico foi leishmaniose mas não tive oportunidade de tentar tratamento nos mesmos. Abraços, Sonia
Oi Sônia!
ResponderExcluirO tratamento foi quase "intuitivo",mas deu bom resultado neste caso.
O que precisamos é publicar estes casos Sônia,juntarmos e publicá-los.Infelizmente não tive a autorização da proprietária para aprofundar os testes diagnósticos,principalmente a busca parasitológica e daí a publicação posterior.
Um abraço!
Oi Carlos,já vou visitar agora!
ResponderExcluirReginaldo eu topo juntar os casos felinos. Tentei ligar para vc mas nao consegui falar.
ResponderExcluirAbraços,
Sonia
Ola Dr.
ResponderExcluirMe chamo Ana, moro em Bauru e sou proprietaria de um gato com 1 ano de idade que supostamente estaria com Leishmaniose caso o exame dê positivo; a veterinaria me disse que ele deveria ser sacrificado, gostaria de saber o que posso fazer em relação a isso ja que nao conseguiria de forma alguma sacrifica-lo
Desde ja agradeço!!!
Débora:Não sacrifique-o!!!
ResponderExcluirNão há comprovação que o felino possa servir de reservartório para o mosquito.Procure um especialista!
Abraço!
Olá Reginaldo,
ResponderExcluirAchei mto importante este texto e compartilhe ao Grupo Adote um Animal no facebook.
http://www.facebook.com/home.php?#!/pages/ADOTE-UM-ANIMAL/102915539757799
Parabéns!!
Carolina Quelotti
Olá Dr Reginaldo, gostei demais do seu blog e principalmente pq vc é o vet preferido dos filhtes daqui de casa...a Belinha (que foi diagnosticada com a leischmaniose e está em tratamento), o Ronaldo e o Lennon. Muito obrigada!!!
ResponderExcluirOlá, boa tarde! Tenho dois gatos e gostaria de saber se posso vaciná-los contra a doença. Obrigada.
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