segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Uso do Meloxican em Felinos com Doenças Articulares.






          As Doenças Articulares Degenerativas(DAD's) são quase sempre subdiagnosticadas em gatos.Osteoartrites de articulações apendiculares e degenerações de discos intervertebrais são muito mais comuns em felinos do que se diagnosticam no dia-a-dia da clínica.Um estudo retrospectivo com 100 gatos com mais de 12 anos de idade(com a média de 15 anos) foi demonstrado que  em 90% destes, haviam sinais radiográficos de DAD,principalmente osteoartrite(HARDIE et al,2002).Em outro trabalho,foi encontrado evidências de DAD em 67% de felinos necropsiados com média de idade de 10,5 anos(READ et al,1968).Em artigo mais recente(LASCELLES et al, 2010),foi evidenciado sinais radiográfico de DAD em pelo menos uma articulação,em  91% dos gatos de um grupo com a faxa etária de 6 meses a 20 anos.
                    Acredita-se que o estilo de vida e comportamento do felino,dificultem o diagnóstico da doença articular degenerativa,pois é uma espécie que "esconde" mais os sinais,comparativamente com o cão.Entretanto,determinadas mudanças podem ser notadas pelo proprietário e repassadas ao clínico: dificuldade ou relutância em pular e subir móveis,claudicação,diminuição do "grooming",dor à manipulação,diminuição da defecação,hipoanorexia,são sinais que podem ser observados.
                   Estas condições determinam um impacto considerável na vida do felino geriátrico,assim um controle dessas alterações,principalmente o controle  a longo prazo da dor ,é muito importante para a melhora substancial da qualidade de vida do nosso paciente.Porém,o uso de antiinflamatórios,principalmente os não-esteroidais(DAINES),devem ser instituído com extrema cautela em gatos mais idosos,pois geralmente os problemas articulares coexistem com as disfunções renais,comuns nos felinos desta idade.
                   O meloxican têm sido utilizado em diversas pesquisas para o tratamento a longo prazo da DAD,com a prescrição de doses mínimas,durante longos períodos,mesmo em felinos nefropatas.Um estudo bem atual e interesssante(GOWAN et al ,2011),utilizou cerca de 214 gatos,com mais de 7 anos,com pelo menos duas das seguintes evidências de DAD: Diminuição da habilidade em pular; Achados físicos,como dor,crepitação ou efusão articular e/ou achados radiográficos sugestivos. Foram divididos em quatro grupos: Animais com insuficiência renal em tratamento com meloxican,animais sem insuficiência renal em tratamento com meloxican e dois grupos controles,tanto de nefropatas como normais,sem tratamento com meloxican.A dose utilizada nos gatos tratados foi de 0,02mg/kg SID,por mais de 6 meses.
                       Os proprietários foram educados a dar o medicamento sempre com alimento ou após refeição,e não continuar o tratamento em casos de vômitos,diarréia e desidratação.Todos os gatos foram examinados e acompanhados periodicamente através de avaliação física,escore corporal e hidratação;perfil bioquímico sérico e urinálise,com estadiamento pela creatinina sérica e densidade urinária.Os resultados foram bastante interessantes,não sendo detectado nenhum efeito deletério do meloxican nestes animais,mesmo nos doentes renais.Até mesmo a média da creatinina sérica no grupo de nefropatas tratados com o fármaco ,foi menor do que a média do grupo dos nefropatas que não receberam o medicamento. 
                           Há duas hipóteses para o efeito benéfico do meloxican nestes casos: primeiramente a excreção predominantemente fecal do mesmo(cerca de 80%) e a segunda,que acredita-se que a inflamação crônica do interstício renal pode ser reduzida com o seu uso,mas que precisa de maiores estudos para a comprovação.
                     Finalmente,a prescrição criteriosa do meloxican,a longo prazo,para o controle das dores e doenças degenerativas articulares dos felinos,demonstra-se ser segura,desde que o animal esteja normohidratado,normotenso e com comorbidades monitoradas.

domingo, 1 de abril de 2012

FIV e FeLV: O que os proprietários devem saber.




Tão quão importante o diagnóstico das retroviroses felinas(FIV e FeLV) , é também o esclarecimento e a conscientização dos proprietários em relação à transmissão, epidemiologia e cuidados com o paciente infectado.
As duas enfermidades possuem algumas características semelhantes, sendo causadas por retrovírus: A FeLV(Leucemia Felina) é por um Retrovírus Gama com vários subtipos e a FIV(Imunodeficiência ou AIDS Felina) é causada por um Lentivírus. Ambos são transmitidos por contato direto, como lambeduras e mordidas, mas também através da amamentação, por via placentária, tranfusões sanguíneas e muito dificilmente pelo coito(FIV).
São doenças comuns em locais com muitos gatos aglomerados, aonde há o contato direto próximo e frequente entre os indivíduos. Ambientes onde há um fluxo de entrada e saída constante de animais também favorecem a proliferação dos vírus.
A FIV e a FeLV predispõem aos gatos acometidos várias doenças e quadros mórbidos, diminuindo bastante a espectativa de vida. Ambas podem causar imunodeficiências e surgimento de neoplasias malignas nestes animais. Estes retrovírus destroem as células de defesa do felino, proporcionando infecções secundárias, como distúrbios intestinais, problemas neurológicos, anemias profundas, infecções na pele, micoses, gengivites, periodontites, otites e falência orgânica mais tardiamente. Eles interferem na replicação das células do gato, predispondo o animal infectado à formação de tumores em qualquer região ou sistema orgânico, principalmente ao surgimento de Linfomas.
O modo de como o gato infectado irá apresentar a doença dependerá da fase da vida em que acontece a contaminação. Pacientes que se infectam quando filhotes ou jovens tendem a desenvolver a enfermidade de uma forma mais grave ou destrutiva.
O diagnóstico precoce é importante principalmente para impedir a proliferação da doença, mas como também  dar um suporte ao felino acometido. Há exames rápidos para a detecção de animais positivos como o sorológico(ELISA), que é o teste inicial a ser realizado.
Quando ou quais gatos deverão ser testados?
Gatos recém adquiridos, principalmente vindos da rua, devem ser testados antes de entrarem no ambiente. Filhotes, a partir de 3 meses de idade, ou antes da vacinação. Doadores de sangue. Animais que têm acesso à rua. Todo e qualquer felino doente e gatos que tiveram contato com soropositivos.
Como é o teste rápido?
O teste é realizado de forma muito simples: Com poucas gotas de sangue e em 10 minutos, temos o resultado. O teste é duplo, em um mesmo exame seu felino é testado para os dois vírus.
O teste FIV e FeLV é de resultado 100% seguro?
Não, nenhum teste é de sensibilidade 100%. Podem ocorrer falsos-positivos e falsos-negativos por problemas na coleta e pela fase da doença no animal, como por exemplo. É muito importante retestar o animal em casos duvidosos com 30 a 60 dias, e é necessário salientar que NEM TODO ANIMAL POSITIVO ESTÁ DOENTE, alguns casos o felino consegue debelar a infecção, ficando livre da doença. Pode-se lançar mão a outros tipos de exames, conjuntamente com os sorológicos, como os testes de PCR RNA-viral ou DNA-viral(Pró-Vírus), e imunoflorescência, ajudando a identificar animais infectantes e não-infectantes.
A prevenção é de fundamental importância:
Existe vacina somente contra FeLV aqui no Brasil. Gatos de grupos de riscos devem ser vacinados, como os que vivem semi-domiciliados e de ambientes com vários outros indivíduos. Não recomenda-se vacinar animais que vivem isolados em apartamentos, sem contato com outros gatos, não é necessário nestes casos. A castração precoce pode diminuir o risco de infecção visto que dificulta o comportamento de risco do indivíduo em sair e brigar com outros gatos. Deve-se evitar, também, a entrada de novos animais, principalmente não-testados e de origem desconhecida. Em casos positivos recomenda-se separar o felino doente, evitando que este saia ou entre em contato com outro gato.
O tratamento:
É praticamente de suporte, visto que os anti-virais humanos recomendados são de difícil acesso. Uma excelente alimentação, cuidados higiênicos, profilaxia dentária, vacinação, vermifugação em dia e claro acompanhamento veterinário,são fundamentais. Devido à natureza das duas doenças, um gato com FIV geralmente vive mais do que um com FeLV. Animais com o vírus da Leucemia Felina tendem a desenvolver quadros mais graves precocemente.

Finalmente,as duas doenças NÃO ACOMETEM O SER-HUMANO. AIDS Felina e a Leucemia Felina NÃO é transmitida ao homem.