A urinálise é imprescindível para o acompanhamento e diagnóstico de todos os distúrbios urinários de felinos,e nestes,também há algumas particularidades.Basicamente,a análise consiste no exame macroscópico(cor,aspecto,odor),medição da densidade específica,testes bioquímicos(semi-quantitativos e quantitativos) e exame microscópico do sedimento.Todos estes procedimentos podem ser alterados por fatores como:estado de hidratação do animal,por medicações administradas,alimentação e pela forma de coleta e acondicionamento da mesma,assim, a interpretação dos resultados devem ser de acordo com essas variáveis.
A coleta por meio de cistocentese é a mais recomendada,é uma forma geralmente atraumática e simples,onde conseguimos uma amostra mais fidedigna e sem contaminação bacteriana.O ideal é que se realize a amostragem antes de fluidoterapia ou tratamentos com corticóides,antibióticos,diuréticos ou contrastes radiológicos.
A Densidade Urinária:
Uma das mais importantes análises,avalia a função renal refletindo a capacidade dos túbulos renais de diluir ou concentrar o filtrado glomerular.Também,só se consegue uma interpretação segura dos outros testes conhecendo-se a densidade da urina em questão.
A variação comum para gatos é de 1025 a 1060,mas intervalos entre 1002 a 1080 podem ser normais,dependendo do estado de hidratação e eletrolítico do paciente.Valores muito baixos para animais bem hidratados não refletem anormalidade,porém os mesmos valores para indivíduos desidratados demostram já uma disfunção renal.
A alimentação também é importante para a densidade urinária final,gatos com dieta seca,possuem geralmente uma densidade entre 1035 a 1060.Animais que comem ração úmida ,provavelmente terão valores próximos de 1025.
A capacidade que os nossos gatos têm de concentrar bastante a urina,provêm de seus ancestrais africanos,que viviam em condições de privação hídrica.Esta característica explica a baixa frequência de infecção urinária nestes animais,devido a alta osmolalidade da urina,portanto,as bactérias oportunistas só causam problemas se a função renal estiver comprometida,o que diminui a capacidade de concentração pelos rins.
É importante lembrar que a temperatura da urina interfere na mensuração da densidade,devendo-se usar amostras em temperatura ambiente.
Bioquímica Semiquantitativa:
São os testes feitos por tiras de imersão,que avaliam proteínas,glicose,bilirrubina,sangue oculto,leucócitos.Elas são simples de usar,mas requerem muito cuidado,pois podem induzir a erros facilmente.Primeiro,nem todos os tipos de fitas reagentes são precisas em gatos,kits para avaliação de leucócitos,bactérias,nitritos,urobilinogênio e densidade não são confiáveis nestes.
A urina também deve estar em temperatura ambiente,por tratar-se de reações químicas e enzimáticas,não pode estar contaminada com desinfetantes ou contrastes e a avaliação das fitas deve ser feita em ambientes de boa iluminação.
A bilirrubinúria é sempre anormal em gatos,diferentemente do que nos cães.A glicosúria deve ser avaliada com cuidado,pode ser devido a stress do animal na coleta e não patológica,dependendo da variação e anamnese.
A proteína pode ser normal,de acordo com a margem mínima.Em animais saudáveis,a quantidade de até 30mg/kg/dia pode ser encontrada.A proteinúria deve ser levada em consideração juntamente com os valores de densidade urinária e principalmente com a sedimentoscopia,em que restos celulares,leucócitos e bactérias podem alterar a taxa total.
O pH urinário nos indica uma possível infecção urinária,predisposição à cristalúria e formação de urólitos.Ele pode variar de 5 a 9,dependendo muito da alimentação,pois gatos com um consumo maior de proteína animal tendem a acidificar mais a urina.Ocorre também a conhecida onda alcalina prós-prandial,onde o pH aumenta até 4 horas após uma refeição.
Bioquímica Quantitativa:
A avaliação da proporção proteína-creatinina urinária têm sido muito utilizada na detecção precoce de IRC e no acompanhamento de pacientes renais.Ela é calculada pela divisão da concentração proteíca urinária pela concentração urinária da creatinina,onde valores de 0,8 a 1 devem ser considerados suspeitos e acima de 1,são anormais.Essa relação quantifica a perda de proteína urinária.Recomenda-se a coleta de três amostras,com intervalo de 5 dias entre cada,fazendo-se uma média,obtendo-se o valor final.Para este cálculo é importante que não haja contaminação da amostra e nem hematúria,além de que é preciso centrifugar e retirar todo o material particulado e celular.
Sedimentoscopia:
Este exame é fundamentalmente importante para uma urinálise correta.Deve ser feito o mais breve possível,até 2 horas após a coleta,para minimizar a degeneração das células.
É comum na urina felina uma certa quantidade de células epiteliais, de leucócitos,hemácias,gotículas lipídicas,espermatozóides,alguns cilindros e cristais.Células epiteliais renais ou quantidade aumentada de cilindros tubulares indicam doença renal.
A relação normal entre hemácias e leucócitos na urina é de 1:1.Geralmente considera-se piúria,quando é ultrapassado os valores normais de leucócitos,dependendo da via de coleta:por micção natural(0 a 8 por campo),por cateterização(0 a 5/campo) e cistocentese(0 a 3/campo).
A cilindrúria indica quase sempre uma afecção renal,principalmente os cilindros celulares.
Os cristais são comuns na urina dos felinos e na maioria das vezes não causam problemas,mas podem predispor o animal à urolitíase,dependendo de outros fatores.Portanto,a presença deles não é sinal de doença.
A presença de bactérias na urina dos felinos sempre deve ser avaliada a causa primária,devido a um certo grau de "esterilidade" advindo da alta osmolalidade já citada, a quantidade destas considerada preocupante, é bem menor em relação a da urina canina.Porém,facilmente pequenas partículas e gotas lipídicas podem ser confundidas com microorganismos,devido ao fenômeno "movimento browniano",assim,é muito importante uma cultura urinária para certificarmos da presença destas.
A urinálise é um exame simples,de baixo custo,mas que nos brinda com valiosas informações,e que precisa se tornar tão comum quanto a um hemograma.
Guia de Urinálise em Gatos-Purina
A coleta por meio de cistocentese é a mais recomendada,é uma forma geralmente atraumática e simples,onde conseguimos uma amostra mais fidedigna e sem contaminação bacteriana.O ideal é que se realize a amostragem antes de fluidoterapia ou tratamentos com corticóides,antibióticos,diuréticos ou contrastes radiológicos.
A Densidade Urinária:
Uma das mais importantes análises,avalia a função renal refletindo a capacidade dos túbulos renais de diluir ou concentrar o filtrado glomerular.Também,só se consegue uma interpretação segura dos outros testes conhecendo-se a densidade da urina em questão.
A variação comum para gatos é de 1025 a 1060,mas intervalos entre 1002 a 1080 podem ser normais,dependendo do estado de hidratação e eletrolítico do paciente.Valores muito baixos para animais bem hidratados não refletem anormalidade,porém os mesmos valores para indivíduos desidratados demostram já uma disfunção renal.
A alimentação também é importante para a densidade urinária final,gatos com dieta seca,possuem geralmente uma densidade entre 1035 a 1060.Animais que comem ração úmida ,provavelmente terão valores próximos de 1025.
A capacidade que os nossos gatos têm de concentrar bastante a urina,provêm de seus ancestrais africanos,que viviam em condições de privação hídrica.Esta característica explica a baixa frequência de infecção urinária nestes animais,devido a alta osmolalidade da urina,portanto,as bactérias oportunistas só causam problemas se a função renal estiver comprometida,o que diminui a capacidade de concentração pelos rins.
É importante lembrar que a temperatura da urina interfere na mensuração da densidade,devendo-se usar amostras em temperatura ambiente.
Bioquímica Semiquantitativa:
São os testes feitos por tiras de imersão,que avaliam proteínas,glicose,bilirrubina,sangue oculto,leucócitos.Elas são simples de usar,mas requerem muito cuidado,pois podem induzir a erros facilmente.Primeiro,nem todos os tipos de fitas reagentes são precisas em gatos,kits para avaliação de leucócitos,bactérias,nitritos,urobilinogênio e densidade não são confiáveis nestes.
A urina também deve estar em temperatura ambiente,por tratar-se de reações químicas e enzimáticas,não pode estar contaminada com desinfetantes ou contrastes e a avaliação das fitas deve ser feita em ambientes de boa iluminação.
A bilirrubinúria é sempre anormal em gatos,diferentemente do que nos cães.A glicosúria deve ser avaliada com cuidado,pode ser devido a stress do animal na coleta e não patológica,dependendo da variação e anamnese.
A proteína pode ser normal,de acordo com a margem mínima.Em animais saudáveis,a quantidade de até 30mg/kg/dia pode ser encontrada.A proteinúria deve ser levada em consideração juntamente com os valores de densidade urinária e principalmente com a sedimentoscopia,em que restos celulares,leucócitos e bactérias podem alterar a taxa total.
O pH urinário nos indica uma possível infecção urinária,predisposição à cristalúria e formação de urólitos.Ele pode variar de 5 a 9,dependendo muito da alimentação,pois gatos com um consumo maior de proteína animal tendem a acidificar mais a urina.Ocorre também a conhecida onda alcalina prós-prandial,onde o pH aumenta até 4 horas após uma refeição.
Bioquímica Quantitativa:
A avaliação da proporção proteína-creatinina urinária têm sido muito utilizada na detecção precoce de IRC e no acompanhamento de pacientes renais.Ela é calculada pela divisão da concentração proteíca urinária pela concentração urinária da creatinina,onde valores de 0,8 a 1 devem ser considerados suspeitos e acima de 1,são anormais.Essa relação quantifica a perda de proteína urinária.Recomenda-se a coleta de três amostras,com intervalo de 5 dias entre cada,fazendo-se uma média,obtendo-se o valor final.Para este cálculo é importante que não haja contaminação da amostra e nem hematúria,além de que é preciso centrifugar e retirar todo o material particulado e celular.
Sedimentoscopia:
Este exame é fundamentalmente importante para uma urinálise correta.Deve ser feito o mais breve possível,até 2 horas após a coleta,para minimizar a degeneração das células.
É comum na urina felina uma certa quantidade de células epiteliais, de leucócitos,hemácias,gotículas lipídicas,espermatozóides,alguns cilindros e cristais.Células epiteliais renais ou quantidade aumentada de cilindros tubulares indicam doença renal.
A relação normal entre hemácias e leucócitos na urina é de 1:1.Geralmente considera-se piúria,quando é ultrapassado os valores normais de leucócitos,dependendo da via de coleta:por micção natural(0 a 8 por campo),por cateterização(0 a 5/campo) e cistocentese(0 a 3/campo).
A cilindrúria indica quase sempre uma afecção renal,principalmente os cilindros celulares.
Os cristais são comuns na urina dos felinos e na maioria das vezes não causam problemas,mas podem predispor o animal à urolitíase,dependendo de outros fatores.Portanto,a presença deles não é sinal de doença.
A presença de bactérias na urina dos felinos sempre deve ser avaliada a causa primária,devido a um certo grau de "esterilidade" advindo da alta osmolalidade já citada, a quantidade destas considerada preocupante, é bem menor em relação a da urina canina.Porém,facilmente pequenas partículas e gotas lipídicas podem ser confundidas com microorganismos,devido ao fenômeno "movimento browniano",assim,é muito importante uma cultura urinária para certificarmos da presença destas.
A urinálise é um exame simples,de baixo custo,mas que nos brinda com valiosas informações,e que precisa se tornar tão comum quanto a um hemograma.
Guia de Urinálise em Gatos-Purina
Parabéns pelo post!! Muito esclarecedor e o material, nossa excelente!!
ResponderExcluirObrigada Dr. reginaldo pelo invcentivo e postagens...
O verdadeiro conhecimento é aquele que não pode ser contido e há uma necessidade incessável de ser dividido!!!
ps: Sugeriria um post sobre FIV, poderia ser?
Grato!Sugestão Anotada!
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